Playlist Edição 2009

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Plebe Rude

Hoje vamos falar da grande atração da 9ª  Edição do Dia Mundial do Rock em Barra do Una, uma galera que dispensa apresentações, um grande nome do Rock Nacional, a banda que vem há décadas fazendo a cabeça da galera! Com vocês Plebe Rude!
A Geração Brasília foi responsável por uma mudança de rumo no Rock Brasil dos Anos 80. A etapa inicial, de letras ingênuas, deu lugar a uma fase politizada em que os jovens criados sob o manto férreo da ditadura botaram para fora sua revolta. Do centro do poder veio o desabafo através das canções da Legião Urbana e da Plebe Rude.
Em 1985, a Plebe lançou seu EP Manifesto O Concreto Já Rachou, produzido por Herbert Vianna, como um dos melhores discos de estréia de uma banda brasileira. Nas sete músicas, o pau comia para todo o lado e o público respondeu com uma vendagem superior a 300 mil cópias. Era o início de uma trajetória que traria a banda para o momento atual, a comemoração dos 25 anos de seu primeiro disco com o CD e DVD Rachando Concreto Ao Vivo.
A presença de Clemente, líder da seminal banda punk paulista Inocentes, criou uma aliança entre as duas vertentes mais importantes do rock politizado brasileiro. O encontro foi em 2003 num tributo à banda punk inglesa The Clash, o que levou Clemente a entrar para a Plebe no ano seguinte. Philippe Seabra e André X, os remanescentes da formação original, convidaram então o baterista Txotxa, ex-Maskavo Roots, para completar a formação atual.
A Plebe Rude é a única banda de ponta de sua geração que nunca gravou músicas românticas. Seus temas apontam para as incertezas políticas do país desde os estertores da ditadura até a atualidade e para o comportamento do ser humano em meio às dificuldades da vida. A Plebe surgiu da Turma da Colina numa época em que a polícia invadia a universidade para bater em estudantes e professores, em que a censura proibia canções e vetava sua execução pública. Isso na área da música popular, sem contar a perseguição ao teatro e à imprensa.
Sem fazer concessões, a Plebe Rude vendeu 500 mil cópias de seus seis discos, tocou no rádio e se apresentou na televisão. Agora é a vez de lançar seu primeiro DVD com um resumo da carreira bem sucedida mais a inédita Tudo Que Poderia Ser e duas homenagens importantes: Medo, do grupo punk paulista Cólera, do impactante refrão "Eles te dão a mão só pra empurrar" e Luzes, uma linda canção sobre iniciação sexual ("Nos seus sonhos tudo era perfeito/Rodolfo Valentino não faria melhor").
O DVD foi gravado ao ar livre, em alta definição, no dia 12 de setembro de 2010 na Ermida Dom Bosco, às margens da bela paisagem do Lago Paranapoá com o Congresso Nacional ao fundo. A direção é de Rodrigo Ginaetto, a produção musical de Philippe. A mixagem é do produtor americano Kyle Kelsoe a masterização de Mathew Agoglia do Masterdisk, Nova Iorque.
A abertura é impactante, imagens da paisagem privilegiada e do azul profundo do céu da cidade ao som das gaitas de fole pré-gravadas que abrem O Que Se Faz com o alerta "Estamos no seu rastro, aqui se paga todo o mal que se faz". Início de uma saraivada de rocks certeiros com participação entusiasmada da platéia: Censura ("Unidade repressora oficial, a censura, única entidade que ninguém censura"), Pressão Social ("Eu tenho que conformar, eu tenho que rebelar. E quem conforma o sistema engole, quem rebela o sistema come"); Discórdia ("Escolhas as armas e seu lado, raiva mostra a direção. Eu me rendo à falta de opção"). E assim vai num retrato duro de uma sociedade corroída pela corrupção e pelo descaso com seu povo.
Nos Extras, uma entrevista da Plebe sobre a banda e o DVD e quatro clipes. A polêmica Vote em Branco deu até cadeia para os plebeus. R Ao Contrário mistura ação com desenhos. The Wake, versão para o inglês de A Ida, é da trilha do filme Federal. O Que Se Faz é gravado na torre de TV de Brasília e mostra estatística arrepiante: 3 mil pessoas já se jogaram lá de cima.
Mistura de consciência social e política com excelente roquenrol, Rachando Concreto Ao Vivo representa o poderio certeiro e a constante relevância do Rock de Brasília.
Jamari França, 2011

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